terça-feira, 1 de junho de 2010

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

domingo, 20 de dezembro de 2009

Bonecas Russas


Pensei nas garotas que conheci, com quem transei, ou apenas desejei.
É estranho estar com uma delas e pensar que ainda existem outras.
Outras para conhecer, transar ou desejar. Elas são como bonecas russas.
Então, valem as regras: abrir uma a uma até encontrar a última, menorzinha.
Passamos a vida inteira nesse jogo, querendo saber quem será a última.
Aquela mais importante, que necessita dos maiores cuidados e atenções.
Aquela que ficará guardada com você pela eternidade, se ela existir.

Não podemos ir direto à ela. Temos que seguir as regras.
A cada vez que descobrimos uma nova boneca, devemos nos perguntar:
- Será esta a última?
É certo que outras poderiam existir.
De certo modo, quem determina qual será a última somos nós.
Deve-se passar a descobrir se aquela é a última, sem mesmo tentar abrí-la.

O fato é que cada boneca é independente.
A primeira delas, quem sabe, no futuro, possa se tornar menor.
Porém, não olhe para a frente, esperando uma outra boneca.
Tampouco olhe para trás, temendo as que já escondem outras bonecas.
Contemple o momento com a sua boneca atual e pergunte-se:
- Será esta a última?
Você saberá a resposta.
Você é o dono da resposta.

Baseado no filme: Les Poupées Russes
de Cédric Klapisch

sábado, 19 de dezembro de 2009

Expectativas.


Elas, que te elevam rapidamente como um foguete.
Elas, que permanecem em órbita enquanto é tempo.
Elas, que explodem todo o seu projeto quando se acabam.
Expectativas.

Sim, o seu projeto! É apenas um projeto: o seu.
Projeto, quando você cria as suas próprias imagens.
Criadas a partir da necessidade de satisfazer uma realização.
E o ponto chave é: você às ama. Ama como se fossem reais.

É natural do ser humano se transportar para um mundo falso?
Se satisfazer, momentaneamente, sabendo que tudo se repetirá?
Que, no fim, você só irá se arrepender do que fez ou não?
E quando isso chega a ficar cômodo? Não incomoda?

Aprendi, da maneira mais difícil, que expectativas não servem.
Não servem para o que realmente desejamos. Não servem!
Depois de tanto sofrer, não seria de estranhar que meus olhos ficassem abertos.
Sonhar é bom, mas nos momentos certos, convenientes.
Sonhar é bom, mas com os pés no chão, ondo você possa vê-los.

Planejar é dar margem para que algo dê errado.
É deixar de sentir o que o momento lhe proporciona.
É impedir que o destino e o acaso façam seus papéis.

Deixar acontecer, sentir, viver o momento.
Tudo deixa de ser o que, supostamente, deveria ser.
Um segundo deixa de sê-lo. Passa a ser uma vida.
Um simples toque, que te faz sair do monótono cotidiano.
Um simples odor, que te transporta a um lugar conhecido.
Um simples beijo (...), que talvez não será mais tão simples.
Um simples alguém, que talvez será a pessoa mais importante da sua vida.

Sim. Eu estou bem.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Aquela mesma casa.


Sim, ainda é ela. A mesma casa.
Aquela que acolheu vários momentos.
Bons, ruins, acolheu. Todos.
A casa que todos os domingos se enchia.
Enchia de gente, de alegria. De alegria.
Domingo, seu dia.

A casa que fazia-nos contruir outras casas.
Fazia-nos fugir um pouco do cotidiano.
Fazia-nos entrar em uma órdem que não era nossa.
Fazia-nos dormir tarde e acordar cedo com o canto das galinhas.
Fazia-nos ficar sujos, tomar banho no fim da tarde e lanchar.
Gosto de queijo com presunto ou atum com maionese.
O de sempre. Sempre bom.

Aquela onde se comemoravam todos os aniversário.
Aquela onde se festejavam todos os comemorativos.
Aquela onde se tiravam as melhores fotos
Aquela que reunia todos no Natal.
Que deixava-nos apreencivos com os presentes.
Que deixava-nos encantados com com o clima.
Que, no dia seguinte, reunia-nos novamente.
E de novo, e novamente.

Hoje, ele calado sofre.
Ela sofre falando.
E eles tomam ações.

Não falo da casa em sí, como matéria.
Falo da casa como espirito, que não muda.
Da casa que, notando, ainda é a mesma
A que ainda é a mesma sem ser, pois ainda falta.
Que insiste em ser ela, sabendo não ser possível..
Falta quem a torne, novamente, aquela mesma casa.
A casa em que vivi e, em mim, ainda vivo.

Walter, José.


quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu vou lembrar de você


Lembra dos bons tempos que tivemos?
Eu deixei-os escapar de nós quando as coisas ficaram feias
Quando eu te vi pela primeira vez sob o sol
Querendo sentir seu calor sobre mim
Querendo ser o escolhido

Estou tão cansado, mas não posso dormir
De pé, na beira de algo muito profundo
É engraçado como sentimos tanto, mas não podemos dizer em palavras
Gritamos por dentro, mas não podemos ser ouvidos

Eu temo tanto te amar, mas temo mais te perder
Apoiando-me num passado que não me deixa escolher
Uma vez houve um escuro profundo, uma noite infinita
Você me deu tudo que tinha. Você me deu luz

E eu vou lembrar de você
Você vai lembrar de mim?
Não deixe a vida passar
Chore, não pelas memórias

I Will Remember You - Sarah McLachlan

quarta-feira, 18 de março de 2009

Existem pessoas más.


Existem pessoas más.
Pessoas que sabem que são más.
Apenas quem conhece a maldade delas
são aqueles que, por algum momento, as desafiaram.
Mas, só consigo acreditar que elas não sabem que são más.
Que fazem sem querer, que é natural, fruto da personaliade.
Mentira, de propósito. Más!

São pessoas que maltratam o melhor de um ser humano.
Fazem isso para se sentirem bem e manter seus egos superiores.
Te fazem acreditar que existe algo, quando na verdade não há.
Gestos, olhares, indiretas. Infinito de indicativos, quando no final...
Só querem te pôr numa lista, e cantar vitória. (Ganhei)

Pessoas más nos põe medo, deixando-nos temerosos.
Por outro lado, cautelosos. Eu deveria ser, mas não.
Sempre consigo ser a vítima. Sempre consigo ser o alvo.
A lição sempre é dada. A princípio aprendo, logo esqueço.

Por um acaso, isso é divertido?
O que leva alguém a fazer isso?
Deus! Por que põe elas em meu caminho?
Eu mereço? Sei que já fiz alguém sofrer,
mas por imaturidade, não por maldade.

Por incrível que isso possa parecer, não tenho raiva delas.
Tenho raiva de mim mesmo por, mais uma vez, sofrer o que já sofri,
chorar o que já chorei, o que pessoas más nos proporcionam.
Porém, ainda prefiro ser assim, ingênuo, a ser um alidado delas.
Nunca!

Pessoas más sempre irão existir.
Não posso querer mudar isso.
Apenas devo aprender a conviver com elas.
Esquivando-me, quando possível, de suas maldades.
Pois existem pessoas más, e eu não sou uma delas.

sábado, 14 de março de 2009

Tem coisas que ninguém ensina


Ninguém lhe ensina a ser você mesmo,
a viver sua própria vida.
A sonhar, a ser ter esperança.

Ninguém ensina você
a ter ousadia, a fazer a sua opção.

Ninguém ensina você
a beijar, a amar, a criar, a ter talento.

Ninguém ensina você
a ter atitude, a ser livre.

Ninguém ensina você
a encontrar o seu momento.

Ninguém ensina você
a descobrir prazeres, saborear.

Temos muito o que aprender.
Mas tem coisas que ninguém ensina.

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(Beba com moderação)